segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Cunha chora ao pedir votos para salvar mandato

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chorou nesta segunda-feira ao pedir votos para evitar sua cassação pela Câmara dos Deputados. Como de praxe, Cunha fez duros ataques ao PT. Mas emocionou-se e pediu “isenção” aos deputados. Afirmou que dos parlamentares conhece o processo contra ele, que tem 7.000 páginas. “Me derrotem nas urnas, me derrotem no debate”, pediu, chorando. Ele repetiu ainda o discurso em tom ameaçador que proferiu em sua defesa no processo em plenário: “Amanhã serão vocês”.



Em discurso de 33 minutos, Cunha reafirmou que os recursos que usou no exterior pertencem a um trust, do qual é apenas beneficiário. O processo de perda de mandato contra ele baseia-se no fato de que Cunha mentiu à CPI da Petrobras quando disse não possuir contas no exterior, em depoimento espontâneo feito em maio de 2015. “Eu não menti à CPI. Cadê a prova?” Cunha fez uma defesa majoritariamente política – e se disse vítima de perseguição. “Alguém tem dúvida de que, se não fosse minha atuação, teria tido processo de impeachment? Essa é a razão da bronca do PT e de seus asseclas”, afirmou. “Estou pagando o preço por ter dado continuidade ao processo de impeachment. É o preço que eu estou pagando por livrar o país do PT.”

Pouco antes, o advogado de Cunha, Marcelo Nobre, disse que o parlamentar está sendo submetido a um linchamento e que o parecer do Conselho de Ética que pede a cassação do mandato do peemedebista não conseguiu a prova material da existência de contas no exterior. “Esse processo diz respeito a uma imputação de mentira para o meu cliente, como se, ao dizer que todas as contas que possui estão declaradas, ele estivesse mentindo. Mas o meu cliente não mentiu”, disse Nobre. “Ele está sendo linchado porque não há prova nenhuma da imputação que existe contra o meu cliente”, acrescentou, ao defender seu cliente na tribuna da Câmara dos Deputados. “A guilhotina está aqui posta e esse precedente servirá como precedente para vários outros. Um precedente de linchamento”, afirmou.

Ao falar na retomada da sessão, o relator do processo contra Cunha, deputado Marcos Rogério afirmou que todas as provas analisadas pelo colegiado, como extratos bancários, depoimentos de testemunhas e documentos do Ministério Público suíço, comprovaram que o parlamentar possui conta, patrimônio e bens no exterior não declarados à Receita Federal. “Os trusts criados pelo representado [Eduardo Cunha] não passam de empresa de papel, de instrumentos criados para evasão de divisas, lavagem de dinheiro e recebimento de propina”, disse. Rogério encerrou afirmando que Cunha teve amplo direito de defesa no Conselho de Ética, e que a pena de perda de mandato aprovada é necessária e proporcional ao caso.


FONTE: Veja

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