terça-feira, 21 de junho de 2016

Renan pede impeachment de Rodrigo Janot para ganhar tempo no Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, nesta terça-feira, que a análise de novos pedidos de afastamento (impeachment) do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não pode ser vista como uma "ameaça". Renan decidiu pedir um parecer da Advocacia Geral do Senado sobre o pedido apresentado por duas advogadas, apresentado na semana passada. Renan disse que as advogadas apresentaram, na segunda-feira, novos documentos para reforçar o pedido e que, por isso, remetia o caso à Advocacia. 



Na prática, segundo interlocutores, Renan optou por uma "saída honrosa" sobre o pedido. Como O GLOBO informou na semana passada, o Senado já recebeu nove pedidos de afastamento de Janot, sendo que quatro já foram arquivados. Nos bastidores, Renan foi aconselhado a anunciar que se considerava impedido de analisar o pedido por ser citado.

— A imprensa discutiu bastante (esses pedidos), falaram até em ameaças. Imagina. Quem me conhece sabe que não sou de ameaçar, absolutamente. O senador Renan Calheiros, eleito pelo povo de Alagoas, tem o direito sim de se indignar. Mas, o presidente do Senado não tem o direito de se indignar. Não transbordarei do cumprimento do meu papel constitucional. E longe de mim essa coisa de ameaçar, essa coisa de ameaçar nunca fez parte do meu dicionário. Vou avaliar a exemplo dos quatro pedidos que já arquivei. Diante do aditamento, estou mandando para a Advocacia — disse Renan.



A petição foi apresentada na semana passada pelas advogadas Beatriz Kicis T. de Sordi e Claudia de Faria Castro, alegando que Janot deveria ser afastado por não ter pedido também as prisões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff, além dos pedidos de senadores, entre eles do próprio Renan, investigado na Lava-Jato. No aditamento feito na segunda-feira, elas atualizam os argumentos, afirmando que os pedidos de prisão foram negados e que, por isso, Renan não precisaria se considerar impedido porque não estaria atuando por "mera vingança". Elas reforçaram os apelos para que o pedido seja aceito e um processo aberto.



Dos nove pedidos contra Janot, seis foram apresentados pelo senador Fernando Collor (PTC-AL), também investigado pela Lava-Jato. Renan já arquivou três petições de Collor e ainda considerou inepta uma denúncia apresentada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), que foi classificada como processo administrativo. Há ainda em tramitação uma petição de um cidadão, engenheiro mecânico, três de Collor e essa última. Renan havia prometido para esta quarta-feira uma decisão final do novo pedido. Com a decisão de remeter à Advocacia, ele deve ganhar mais tempo. Caso se considere impedido, poderia arquivar ou deixar a decisão para o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC).



FONTE: O Globo

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