quinta-feira, 30 de junho de 2016

Dilma sabia de propina em compra de refinaria, diz delator

Surgiram novas revelações da delação premiada do ex-diretor da petrobras Nestor Cerveró. Ele disse que Dilma Rousseff mentiu quando declarou que não sabia da propina cobrada na compra da refinaria de Pasadena. Com o acordo de delação premiada, Cerveró vai deixar a cadeia no fim do mês. E vai ter que devolver aos cofres públicos R$ 17 milhões pelos desvios na Petrobras.



Nestor Cerveró disse que Dilma Rousseff não apenas sabia de Pasadena como tinha informações de que políticos do PT recebiam propina do esquema da Petrobras.  A delação do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal no final do ano passado, mas estava sob sigilo. No entanto, o Ministério Público Federal entendeu que isso não era mais necessário e o relator da Lava Jato, ministro Teori Zavascki, liberou a divulgação dos 36 depoimentos dados por Nestor Cerveró.  Neles, Cerveró detalhou todo o esquema de corrupção na Petrobras.

O ex-diretor disse que Dilma Rousseff acompanhava de perto os assuntos referentes à Petrobras e frequentava constantemente a estatal. Tinha inclusive uma sala na sede da empresa, no Rio de Janeiro, e conhecia em detalhes os negócios da Petrobras, inclusive a compra da refinaria de Pasadena, no Estados Unidos, que teria causado prejuízo de US$ 800 milhões, segundo o Tribunal de Contas da União. No depoimento que deu sobre Pasadena, Cerveró disse que “a responsabilidade da aprovação do negócio é dela, é do Conselho, e que “Dilma disse que só tinha aprovado porque não tinha as informações suficientes, o que não é verdade."



De acordo com Cerveró, Dilma não só sabia de Pasadena como tinha conhecimento que políticos do PT recebiam propina vinda da Petrobras. Em depoimento, Nestor Cerveró disse que nunca tratou diretamente com Dilma Rousseff sobre o repasse de propina, seja para ela, para políticos ou para o Partido dos Trabalhadores.

Em outro depoimento, Cerveró disse que seu advogado na época, Edson Ribeiro, contou que o ex-senador Delcídio do Amaral havia lhe afirmado que, em uma reunião com a presidente afastada, Dilma Rousseff, ela disse que o senador não se preocupasse porque ela "cuidaria dos meninos", se referindo a Cerveró e ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que também foi preso na Lava Jato.



Outra afirmação de Cerveró tem a ver com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-diretor da Petrobras disse que Fernando Soares, o Fernando Baiano, e os dirigentes de uma empresa acreditavam que o negócio com a Petrobras estava acertado. Faltava apenas a assinatura para a finalização. No entanto, o negócio já estava fechado com uma outra empresa vinculada ao filho do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, de nome Paulo Henrique Cardoso. No depoimento, Cerveró não cita se houve envolvimento direto de FHC no negócio.

Cerveró também disse que a empreiteira UTC pagou de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões ao senador Fernando Collor de Mello por meio do operador Pedro Paulo Leoni Ramos,  ex-ministro de Collor. Com esse acordo, Cerveró vai poder sair da cadeia no próximo dia 24 de junho e ir para casa, onde ficará cumprindo prisão domiciliar e só poderá ser condenado a uma pena de, no máximo, 25 anos. Além disso, terá de devolver mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos por causa dos desvios de que participou na Petrobras.



Esses R$ 17 milhões incluem a devolução de cerca de 10 mil ações da Petrobras que eram de Cerveró, além de R$ 825 mil em fundos de investimento e um milhão de libras esterlinas depositadas em contas em Londres, na Inglaterra. Se Cerveró não conseguir pagar o que deve, terá de entregar os imóveis que estão em seu nome. A assessoria de Dilma Rousseff divulgou nota em que diz que a presidente afastada prestou, em abril de 2014, esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República sobre a compra da Refinaria de Pasadena. E que na época, a Procuradoria afastou qualquer conduta dolosa ou culposa que pudesse ser atribuída ao Conselho.

Ainda segundo a nota, a PGR reconheceu que o Conselho de Administração da Petrobras - do qual ela era presidente - não tinha conhecimento total do contrato e que todos os procedimentos necessários tinham sido cumpridos. O Bom Dia Brasil não conseguiu contato com Fernando Henrique Cardoso, que está no exterior. O filho do ex-presidente, Paulo Henrique, disse desconhecer as empresas mencionadas e negou ter vínculo com elas. 



O senador Fernando Collor disse que jamais recebeu qualquer valor da UTC e nunca autorizou outras pessoas a pedir dinheiro em seu nome. A assessoria de Pedro Paulo Leoni Ramos afirmou que o ex-ministro não comenta delações premiadas. O Bom Dia Brasil entrou em contado com a UTC, mas a empresa disse que não vai se manifestar. O Bom Dia Brasil também não conseguiu contato com a empresa Union Fenosa.


FONTE: G1 Globo

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