quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Google explora Amazônia por meio de fotografias 360°

Usuários da web de todo o mundo agora poderão explorar digitalmente rios e florestas da região em imagens 360°. Projeto foi possível com parceria entre Google e Fundação Amazonas Sustentável.

Após três anos do lançamento do Amazon Street View, o Google, em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), lançou a segunda fase do projeto, que visa explorar a Amazônia, por meio de fotografias 360°.



Usuários da web de todo o mundo agora poderão explorar digitalmente regiões como as Reservas do Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma e Madeira, no Amazonas, localizadas a 228 km da capital Manaus, além dos diversos tipos de vegetação que formam a floresta Amazônica. Nessas regiões vivem aproximadamente seis mil famílias.

“As RDSs Madeira e do Juma são regiões extremamente importantes na Amazônia.  Juntas, essas áreas somam quase 900 mil hectares de floresta em pé. Com o Amazon Street View o mundo poderá ver e saber que pessoas vivem em uma região com tantos desafios e realidades totalmente diferentes. O resto do Brasil e do mundo precisam saber disso e valorizar a floresta e quem vive nela”, afirma Virgílio Viana, superintendente-geral da FAS.

Diferente da primeira fase, em que as imagens foram coletadas pelo Trike (o triciclo do Street View), nesta, a equipe da FAS usou nos registros o Trekker, evolução tecnológica do Google emprestada à organização por meio do programa Trekker Loan. Como resultado, em 18 dias de expedição foram visitadas 18 comunidades interligadas por longas trilhas e, pela primeira vez, o Trekker foi pendurado em uma tirolesa, proporcionando imagens das copas de árvores. Mais de 500 km de rios, lagos e córregos, 20 km de trilhas em meio à mata, duas escaladas de árvores, fazem parte das imagens.

“O Google Maps completa dez anos em 2015. Neste período tivemos muitos avanços tecnológicos, como o Street View e seus equipamentos. Cada avanço na tecnologia proporciona novas experiências aos usuários da web. Entre elas, a exploração a regiões que, provavelmente, a maioria das pessoas não poderá conhecer pessoalmente. Juntos, Google e FAS proporcionam conhecimento relevante para a conscientização da sociedade sobre a importância da Amazônia”, diz Karin Tuxen-Bettman, gerente do Google Earth Outreach.

Segundo o líder do projeto em campo, Gabriel Ribenboim, o avanço da tecnologia do Google facilitou as inovações da fase no Juma e Madeira. “Com a nova tecnologia, que permite maior mobilidade e autonomia, pudemos entrar mais profundamente em trilhas e igarapés nunca antes imageados, como a trilha de 11 km em floresta densa que conecta as comunidades do Rio Auruá com as do Rio Mariepaua. Em experiência inédita no mundo, com essa nova tecnologia da Google, conseguimos adaptar o equipamento em uma tirolesa fixada em uma das maiores castanheiras da região – com altura entorno de 60 metros -, remontando uma descida da copa das árvores até o solo – documentando todos os estratos florestais”, destaca.

 “Um dos maiores desafios foi na exploração para encontrar um lugar adequado para a experiência com a tirolesa. As condições que colocamos e não abrimos mão foi de não gerar nenhum impacto sobre a floresta, sua biodiversidade e seus habitantes, e não colocar em risco a operação. Buscamos árvores altas, que fossem seguras para operação de escalada, e que na descida da câmera nos cabos de aço, não prejudicasse a floresta. Em 20 dias em campo, em ambiente natural hostil, com alta umidade e momentos de muita chuva, o equipamento se mostrou muito resistente e voltou ileso. Tivemos total apoio da comunidade local e a troca de experiências foi muito rica – o que representa a interatividade que este projeto se propõe, ao colocar estas comunidades isoladas no mapa”, ressalta Ribenboim.

A captação das imagens foi autorizada pelo Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) parceiro do projeto e responsável pela gestão das reservas.




O equipamento e a região

O Trekker é um equipamento que reúne um sistema fotográfico de 15 lentes em um conjunto portátil, que pesa 18 kg e mede 120 cm. Ele dispara fotos automaticamente, aproximadamente a cada 2,5 segundos, conforme o operador caminha por trilhas – inclusive aquelas mais íngremes ou estreitas. A captação das imagens contou com o apoio de comunitários que aprovaram sua participaram individualmente após um processo de consulta realizado junto às comunidades locais. Entre eles, “Tokinho”, o guia local que nasceu na região da RDS do Juma e atualmente cria peixes em uma estação experimental do componente Renda do Programa Bolsa Floresta.

Este componente auxilia as comunidades ribeirinhas a encontrar benefícios econômicos a partir do manejo sustentável da floresta. Na RDS Madeira os principais projetos estão vinculados ao potencial de produção de cacau. Ao longo dos anos, foram instalados secadores de cacau em várias comunidades da reserva. Em 2014, essa reserva passou por uma enchente histórica no Rio Madeira, atingindo 19,74 metros.

Além de inundar centenas de casas, a cheia devastou grandes áreas produtivas de dezenas de famílias. A FAS realizou ações para minimizar o impacto na qualidade de vida dos ribeirinhos e à recuperação das áreas devastadas. Foram distribuídos cerca de 550 filtros de água, 268 vacinas, 296 kits educativos de primeira infância, além de sementes de melancia, abóbora, jerimum e maxixe para cerca de mil famílias

Já na RDS do Juma, os investimentos da FAS focam a educação adaptação à realidade local. São dois Núcleos de Conservação e Sustentabilidade (NCSs), espaços construídos para promoção e incentivo de ações de educação, saúde, apoio ao empreendedorismo, além de servir de base para a pesquisa e inovação nas reservas. Os NCSs contam com salas de aula, biblioteca, alojamento para alunos e professores, refeitório e ambulatório, todos abertos a comunidade.

“Agora, quem visitar o Amazon Street View poderá ver o trabalho que desenvolvemos para recuperar regiões degradas pela enchente e como uma educação de qualidade acontece em regiões tão distantes”, finaliza Virgílio Viana.



FONTE: Amazonia.org

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